sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Lula e Chávez reforçam cooperação bilateral

Da EFE

Alfonso Fernández.

El Tigre (Venezuela), 30 out (EFE).- O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu colega da Venezuela, Hugo Chávez, reforçaram hoje a cooperação bilateral com cerca de 15 convênios, entre eles um acordo para operar conjuntamente uma refinaria.

Em seu sétimo encontro trimestral, realizado em um centro agrário no leste venezuelano, ambos os presidentes presidiram a assinatura pelas estatais Petrobras e PDVSA do esperado convênio para a construção e operação conjunta da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.

A unidade, que terá uma capacidade de refino de 230 mil barris diários, entrará em operação dentro de dois anos, declarou Lula em discurso no ato que celebrado em uma churuata, casa típica indígena com teto de folhas de palmeira e paredes de terra, no meio de uma grande tempestade de chuva e vento.

As petrolíferas brasileira e venezuelana também assinaram outros acordos energéticos, entre eles um para a exploração de campos no Lago de Maracaibo, no oeste venezuelano.

No total foram 15 os convênios assinados nesta sexta-feira, em diversas áreas, no encontro dos presidentes, que aconteceu perto da localidade venezuelana de El Tigre.

Entre os demais acordos, está um convênio para desenvolver na Venezuela a televisão digital terrestre e a fabricação conjunta de equipamentos de televisão e de celulares.

Os dois líderes iniciaram a jornada de trabalho com um percurso ao Centro de Formação Agrário Socialista "José Inácio Abreu e Lima" no qual coopera a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para a sementeira e produção de soja.

Chávez, ao volante de um 4x4 Tiuna vermelho, e Lula, com chapéu de cogollo, de uso tradicional dos camponeses, percorreram os campos de sementeira de soja, onde fizeram práticas de colheita a bordo de uma colheitadeira.

Os presidentes foram depois render honras perante um busto do prócer José Inácio Abreu e Lima, nascido em Recife em 1794, em um ato interrompido por fortes chuva e vento.

Enquanto acontecia uma impressionante tempestade que arrancou tendas e deixou os meios de imprensa sem comunicações, incluindo a estatal "Venezolana de Televisión", Lula e Chávez presidiram a assinatura dos acordos e fizeram comentários breves sobre a agenda bilateral e também sobre Honduras.

O presidente brasileiro expressou sua satisfação com o acordo alcançado no país centro-americano para pôr fim à crise causada pelo golpe de Estado no dia 28 de junho que tirou da Presidência Manuel Zelaya.

"Somos a favor de que seja o Congresso hondurenho (...) e que seja o presidente Zelaya que possa presidir as eleições do dia 29 de novembro (...), e que depois Honduras volte à normalidade", comentou Lula.

"Houve um acordo e espero que seja cumprido. Acho que vai acabar tudo bem", acrescentou posteriormente Lula, em breves declarações à imprensa quando subia ao avião para retornar ao Brasil.

Chávez disse "que com o acordo" alcançado na quinta-feira em Tegucigalpa "parece que há um horizonte aberto" para a democracia e a volta do fio constitucional em Honduras.

Chávez, que se despediu de seu colega no pequeno aeroporto de El Tigre, comentou também que tinha ficado impressionado com a "visão integracionista de Dilma Rousseff", ministra-chefe da Casa Civil.

"É uma grande política", disse Chávez da ministra que na quinta-feira à noite participou do jantar informal dos dois chefes de Governo no emblemático Hotel Humbold.

A próxima reunião dos dois presidentes será em Boa Vista, no final de janeiro ou começo de fevereiro, anunciou o presidente venezuelano.

Chávez, enquanto esperava Lula esta manhã, expressou sua satisfação pela aprovação dada ontem à entrada da Venezuela ao Mercosul pela comissão do Senado brasileiro.

Lula veio "como Cristo, anunciando a boa nova", disse Chávez, cujo país deve ainda superar a votação no plenário do Senado paraguaio para a definitiva ratificação. EFE

Nenhum comentário: