CARACAS - A crise diplomática entre Israel e a Venezuela desencadeada pelo anúncio venezuelano de expulsão do embaixador de Israel no país provocou, ontem, preocupações entre opositores, analistas políticos e autoridades eclesiásticas no país latino-americano, que temem uma ruptura nas relações entre os dois países.
O porta-voz da chancelaria de Israel, Yigal Palmor, declarou à imprensa em Tel-Aviv que o embaixador de Israel na Venezuela, Shlomo Cohen, foi informado por escrito que ele e seu pessoal diplomático devem deixar o país dentro de 72 horas.
O governo do presidente Hugo Chávez anunciou na noite da terça-feira que decidiu expulsar Cohen e parte do pessoal diplomático de Israel, em exigência ao "respeito ao direito internacional". Chávez disse no começo da semana que Israel, na atual ofensiva contra a Faixa de Gaza, pratica "assassinato" e "genocídio" de palestinos. O embaixador israelense foi qualificado como "persona non grata" na Venezuela. Israel respondeu nesta quarta-feira que estuda a expulsão dos diplomatas venezuelanos que servem em Tel-Aviv.
Enquanto isso, o presidente da Conferência dos Bispos da Venezuela, o monsenhor Ubaldo Santana, manifestou hoje sua preocupação por considerar que a expulsão do embaixador israelense poderá levar ao final das relações diplomáticas entre os dois países.
"Espero que não cheguemos a uma simples ruptura e que possamos nos manter em paz porque aqui na Venezuela vivem e convivem homens e mulheres de muitas raças, nacionalidades e religiões. Qualquer conflito internacional pode ter impacto na qualidade da nossa convivência", disse Santana.
A especialista em relações internacionais Maruja Tarre considerou "estridente" e "desproporcional" a decisão da Venezuela e disse à Associated Press que "esse tipo de ação não leva a nada e afeta a imagem internacional da Venezuela".
Milos Alcalay, ex-embaixador da Venezuela na Organização das Nações Unidas (ONU) lembrou que até agora a Venezuela é o único país que decidiu expulsar o embaixador de Israel. "Existe uma situação desequilibrada, muito identificada com o Hamas, muito identificada com o Hezbollah e realmente não é a melhor contribuição para a paz na região. A Venezuela, inexoravelmente, está se enquadrando em uma linha de respaldo a forças terroristas", afirmou.
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